sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sentimento de Perda.

Caro sentimento de perda:

Quando você vier, peço que seja tranqüilo e brando. Não me faça entrar em desespero, pois tenho que lidar com o que perdi, com o que ficou, comigo e com você. Peço também para que não seja vazio e sem sentido, de tal maneira que, mesmo que sua presença seja algo negativo, eu possa colher algo que me faça amadurecer nesse estado ressentido.

Venha, e quando vier, faça-me sentir que perdi apenas o que realmente foi embora, e não todas as milhares de coisas ao meu redor que me fazem ter motivos para viver. Já que você tem que vir, que me morda e me assopre, não me faça afogar em lágrimas e nem me sufocar no meu amor-próprio, mas sim a noção de que as coisas vão e vêm, e que nenhuma Vida é um caminho de terra trilhado no meio dos campos verdejantes, e sim asfalto esburacado no meio de uma cidade barulhenta e cheia de curvas.

Ao invés de me prender à coisa perdida, venha e me traga a Liberdade daqueles que amam puramente, sem egoísmo e com olhares gauché sobre tudo que já foi embora, prezando apenas pelo bem-estar dos que ficaram e de mim mesmo.Enfim, queridíssimo Sentimento de Perda, seja Divino, e não Humano.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

The Lover - Jean-Jacques Annaud



Marguerite Duras




Marguerite Duras nasceu em Gia Dinh, na Indochina (agora Vietnam), em 1914, onde passou a infância e a adolescência. A autora irá ficar profundamente marcada pela paisagem e pela vida da antiga colónia francesa, frequentemente referidas na sua obra literária.
O seu pai morreu quando tinha quatro anos de idade, e a sua mãe, uma professora, lutou arduamente para criar três filhos sozinha. Durante a adolescência, Marguerite Duras teve um caso com um homem chinês rico e retorna mais tarde a este período nos seus livros (nomeadamente O Amante e O Amante da China do Norte). Aos 17 anos viajou para França, onde estudou Direito e Ciência Política no Sorbonne, formando-se em 1935.
Durante a II Guerra Mundial, marguerite Duras tomou parte da da Resistência Francesa, filiando-se também no partido comunista.

Duras publica os seu primeiros livros em 1943 e 1944, Os Imprudentes e A Vida Tranquila, respectivamente. A partir de 1959 começa também a escrever argumentos para o cinema, dos quais Hiroshima meu amor é sem dúvida o mais conhecido e marcante. Em 1950, com Uma barrangem conhtra o Pacífico, Duras esteve muito próxima de ganhar o Prémio Goncourt. É no entanto apenas 30 anos depois que a injustiça lhe é reparada, ganhando o prémio por unanimidade com o romance O Amante. É uma autora muito fértil, com uma obra literária vastíssima, desde os romances aos argumentos cinematográficos. Afirma-se sempre com um estilo de beleza inconfundível, num tom duro e denso, por vezes até um pouco inacessível, mas sempre numa expressão profundamente genuína e humana das paixões, grandezas e misérias da vida. Marguerite Duras é por excelência uma escritora da condição humana, mas contudo não procura utilizar a escrita como forma de redenção e/ou salvação; antes, a escrita é uma exigência urgente, um valor supremo em que reside, uma vontade bruta de falar de si. As suas obras estão repletas de descrições belíssimas e soberbamente envolvidas na ambiência exótica da paisagem oriental, não sem deixarem reconhecer uma intensidade angustiada e desesperada, oriunda de uma constante luta da autora com as questões do amor e da morte.

Durante a década de 1980, Marguerite Duras apaixona-se por Yann Andréa Steinner, um homem 38 anos mais novo. Duras viverá com Yann até à sua morte em 1996, mas não sem antes atravessar um duro período em que permaneceu junto do seu marida Robert Antelme, depois de este ter sobrevivido milagrosamente a uma captura pela Gestapo. Este período serviu de base para uma colecção de histórias curtas, intitulada A Dor (de 1985), um grito literário sobre a pressão sob que viveu.

L'Amant


A muitos anos atrás eu assisti ao filme "O amante" e me surpreendi pela narrativa da história. Eu adoro filmes baseados em fatos reais, mas só fui saber anos depois de que se tratava da história de vida de Marguerite Duras, fabulosa escritora. Para mim, o filme é impecável até nas cenas mais explícitas. No livro, Marguerite tem uma narrativa um pouco dura e seca, talvez devido a difícil vida que levou no Vietnam sendo parte de uma família falida e sem expectativas de um futuro melhor.


O filme é maravilhoso, em minha opinião. Vale conferir para quem está curtindo as férias sem nada para fazer. Boa diversão!
__________________________________________

O AMANTE

SINOPSE Baseado no romance homônimo de Marguerite Duras, que vendeu mais de um milhão de cópias em mais de 43 línguas, esta sofisticada adaptação das suas "memórias de juventude" transborda de paixão. Com uma interpretação primorosa e uma fotografia admirável, "O Amante" capta de forma brilhante a essência do despertar sexual e do desejo proibido, como nenhum filme o fez até hoje. Jane March é fascinante no papel de uma pobre adolescente francesa que na década de 1920 conhece um importante e abastado diplomata chinês (Tony Leung) durante uma travessia do rio Mekong. Fascinada pela riqueza e elegância dele, a jovem deixa-se levar pela vertigem do amor e os dois envolvem-se numa relação clandestina e tórrida. Mas se os amantes conseguem ultrapassar as diferenças de idade, raça e classe, a sociedade colonial francesa da Indochina jamais permitirá que se ultrapassem as diferenças culturais.

sábado, 24 de julho de 2010

Poema dos olhos da amada


Ó minha amada

Que olhos os teus

São cais noturnos

Cheios de adeus

São docas mansas

Trilhando luzes

Que brilham longe

Longe nos breus...


Ó minha amada

Que olhos os teus

Quanto mistério

Nos olhos teus

Quantos saveiros

Quantos navios

Quantos naufrágios

Nos olhos teus...


Ó minha amada

Que olhos os teus

Se Deus houvera

Fizera-os Deus

Pois não os fizera

Que há muitas eras

Nos olhos teus.


Ah, minha amada

De olhos ateus

Cria a esperança

Nos olhos meus

De verem um dia

O olhar mendigo

Da poesia

Nos olhos teus.


(Vinícius de Moraes)

Canção da tarde no campo


Caminho do campo verde,

estrada depois de estrada.

Cercas de flores, palmeiras,

serra azul, água calada.


(Eu ando sozinha

no meio do vale.

Mas a tarde é minha.)


Meus pés vão pisando a terra

que é a imagem da minha vida:

tão vazia, mas tão bela,

tão certa, mas tão perdida!


(Eu ando sozinha

por cima de pedras.

Mas a flor é minha.)


Os meus passos no caminho

são como os passos da lua:

vou chegando, vais fugindo

minha alma é a sombra da tua.


(Eu ando sozinha

por dentro de bosques.

Mas a fonte e´minha.)


De tanto olhar para longe,

não vejo o que passa perto.

Subo monte, desço monte,

meu peito é puro deserto.


(Eu ando sozinha,

ao longo da noite.

Mas a estrela é minha)


Cecília Meireles

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Breves linhas


Eu tenho falado muito sobre Vida, Futuro, Presente e Perdão. Ultimamente, eu tenho pensado muito nisso e ponderado sobre várias situações. Sinceramente falando, e não me entendam mal, por favor, eu tenho aprendido muito sobre uma das mais belas lições que a Vida poderia ter me dado: o Perdão.

Eu tento entender o motivo pelo qual as pessoas, hoje em dia, nutrem um ódio tão grande umas pelas outras e percebo que o nome disso é INTOLERÂNCIA... falta de amor e de compreensão. Não olhamos mais os outros como seres conectados a nós, não sabemos perdoar, somente julgar severamente. Exigimos desculpas dos outros pelas faltas que cometeram contra nós. Dizemos: "Eu quero, eu quero, eu quero". Impomos as pessoas às nossas regras rígidas e achamos que isso será bom para elas, tirando assim, sua liberdade de escolher, errar, reconhecer, desculpar e seguir em frente.

Exigimos demais dos outros e de nós mesmos. Somos severos conosco. Não deixamos fluir nada... não deixamos para trás...

Queridos, o que passou, passou. É passado. Não vamos remoer um passado de tristezas e dores e sim, viver um presente com mais compreensão de nós mesmos e, conseqüentemente, dos outros. Perdoar, amigos, não é difícil. É tão fácil quanto andar e respirar. Perdoar nos liberta e liberta o outro das amarras de um passado ruim... e que passou.

Olhemos mais adiante!

Hoje, eu posso dizer que tenho aprendido lições maravilhosas e me sinto feliz por isso. Agradeço a Deus por toda dor que tive que sentir para entender algo tão simples como o Perdão. Infelizmente, muitos de nós, só aprendem certas lições através da dor e muitos de nós só conseguem transmitir esses valores sofrendo pela incompreensão do outro.

Nunca fui santa. Errei e certamente errarei de novo, pois sou humana e estou em fase de evolução, como todos aqui nessa Terra, porém, não mais condenarei o outro pelas suas faltas contra mim. Não sou juiz de ninguém e não tenho o direito de condenar qualquer pessoa, ainda que essa tenha cometido a pior das faltas contra mim. Não sou eu que dou a sentença. Não tenho qualificações para isso e mesmo que eu as tivesse, não gostaria de "brincar de Deus".

Queridos, é verdade, o Perdão liberta, tira-nos um fardo por demais pesado. É maravilhoso perdoar... deixar para trás. E isso não quer dizer que você seja conivente com a falta cometida, mas, sim, mais consciente do outro e de si mesmo, afinal, somos todos humanos e sendo assim, cometemos nossos erros. É natural. Faz parte da evolução. Deixemos a posição de vítimas das tramas do destino (que dramalhão!), de vítimas de terríveis algozes (Oh, que drama!) e sejamos livres dessas ilusões... simplesmente livres. Perdoem!

Ah, é como ter asas!

Obrigada, Deus! Muito obrigada pelas inúmeras oportunidades que o Senhor tem me dado para compreender e saber perdoar de coração aberto.




Suscetibilidade - parte II


Quem compreende e perdoa possui uma visão cósmica da Vida, porque ampliou sua consciência. Ela representa a faculdade de ver as criaturas e a criação como uma coisa só; expressa uma visão da existência estruturada sobre uma concepção de unidade.

Os indivíduos que “melindram-se com as críticas das quais suas comunicações podem ser objeto; se irritam com a menor contrariedade (...)” são considerados dogmáticos, quer dizer, pessoas que rejeitam categoricamente qualquer opinião ou parecer, cultivando um ponto de vista de “certeza absoluta”.

Não temos a habilidade de entender tudo de início, precisamos constantemente revisar nossa maneira de ver, a fim de ampliar conceitos. O dogmático não perdoa, porque lhe falta clareza de visão que a humildade proporciona. Ele não vê o mundo em termos de relação e integração. Ele acha que vê, mas não é capaz. Guardando melindres e irritação, desorganizaremos os tecidos sutis de nossa alma e intoxicaremos, por conta própria, a vestimenta corpórea.

Para termos sanidade plena, é preciso que nossas energias estejam harmonicamente compensadas. Somos seres energéticos, essencialmente. Assim como uma barra de ferro se imanta quando da proximidade de um imã, da mesma forma uma criatura pode atrair energias conforme seu padrão vibratório. Na vida não existe fatalidade, apenas sintonia. Não precisamos ser exatamente iguais aos outros, basta termos afinidade para que ocorra o fenômeno de atração magnética.

Perdoar não significa que devemos ser coniventes com os comportamentos impróprios, nem aceitar abusos, desrespeito, agressão, TRAIÇÃO, mas é uma nova forma de ver e viver – envolve o compromisso de experimentar em cada situação uma nova maneira de olhar o que está acontecendo, ou como aconteceu, sem interferência das percepções passadas. O perdão surge a partir de uma “visão cósmica” do comportamento humano.

O ato de perdoar não requer a reabertura de velhas feridas, mas, sim, a sua cura. Transforma-nos em co-criadores de nossa realidade, pois tem relação com a capacidade de escolhermos como reagir ás situações de nossa vida.

Suscetibilidade



Ressentimento é uma mágoa crônica. Na verdade, a palavra ressentir quer dizer “deixar-se sentir novamente” ou “voltar-se ao sentimento passado”.

As criaturas suscetíveis às ofensas são aquelas que guardam rancor facilmente, remoendo o insulto e intensificando os efeitos debilitantes do ressentimento e da raiva. Quando estamos melindrados, experimentamos sucessivas vezes o mesmo sofrimento. Isso nos consome energeticamente e debilita nosso corpo físico e/ou o espiritual.

Perdoar é um ato de amor, em que reina a compreensão e a humildade. É um indício do amor a nós mesmos e aos outros. No momento em que perdoarmos, nos identificamos com nosso próximo; admitimos nossa falibilidade humana, reconhecendo nossas deficiências e nossa facilidade em errar.

Perdoamos na medida em que desfazemos a ilusão de que somos perfeitos. Sabemos que nosso grau de conhecimento é resultante de nossa participação e interação nos processos do Universo. Não somos criaturas isoladas, e sim parte de uma complexa rede da Vida. Estamos vivendo juntos, porém em diferentes níveis de amadurecimento e precisamos, todos, de muito perdão durante o processo evolutivo – precisamos perdoar a nós mesmos e aos outros. Admitir nossas falhas e não se ressentir é uma fórmula poderosa para remover os obstáculos à boa convivência. Não seria tempos de nos libertarmos dos “cárceres” do rancor e da mágoa?

Certamente, parte de nossa dificuldade em pedir desculpas se deve ao problema que temos com a realidade interior. Para chegar ao momento de nos desculparmos, devemos antes ser humildes ou honestos conosco, admitindo as nossas limitações e inadequações de seres espirituais em regime de crescimentos e de permuta constante. A humildade e o perdão caminham juntos. Eles nos levam às trilhas da compreensão dos equívocos e erros existenciais. Aliás, os enganos são oportunidades de aperfeiçoamento e amadurecimento para todos; são experiências para aprendermos a viver melhor.

Costumamos confundir, erroneamente, humildade com servidão, submissão e covardia. Ela é, sobretudo, “a lucidez que nasce das profundezas do Espírito”.

A humildade não está relacionada com o nosso aspecto exterior, mas com a maneira como percebemos as pessoas e as circunstâncias. É a habilidade de ver claramente, sem defesas ou distorções, pois nos limpa a visão e nos livras dos falsos valores.

Com “olhos humildes”, entendemos que perdoar é atitudes que requer mudança de nossas percepções, quantas vezes forem necessárias. Nossa visão atual é prejudicada pelas percepções do ontem sobre o nosso hoje, visto ficarmos quase sempre presos aos “fatos do passado”, permitindo que lembranças amargas escureçam o presente, mesmo anos depois de terem ocorrido. Compreender perdoando significa que somos capazes de mudar nossas velhas convicções e perceber novas evidências da verdade em nossas atitudes e nas alheias. Dessa forma, ficamos mais flexíveis e menos exigentes para com o comportamento dos outros.

(continua)

Consciência de orgulho - Parte II

“(...) confiança absoluta na superioridade do que obtêm, desprezo daquilo que não vem deles, importância irrefletida atribuída aos grandes nomes, recusa de conselhos (...)” são algumas das características das criaturas que vivem nesse estágio de evolução espiritual.

Os orgulhosos estão mais interessados no modo como se apresentam do que no modo como sentem. De fato, negar qualquer “aviso do coração” que conteste sua imagem onipotente. Agem distanciados de sua intimidade; em virtude disso, valorizam títulos e nomes importantes, adotam cartilhas moralistas ou regras rígidas e tendem a ser pretensiosos e dissimulados. Como os sentimentos são uma realidade primordial da vida humana, não estar em contato com os próprios sentimentos causa, progressivamente, uma grave descompensação emocional.

Querem ter a aparência do que não são; assim perdem a sinceridade, a criatividade e a originalidade. Vivem concentrados nos próprios interesses, mas carentes dos verdadeiros valores, ética, bom senso, sensibilidade e naturalidade.

Todas as suas atividades convergem para a exaltação de si mesmos, sendo incapazes de distinguir entre a realidade do que são e o “eu idealizado” que fantasiam ser. Identificam-se com poderosa figura imaginária do tipo “todos são menos do que eu”. São enamorados de sua auto-imagem.

Na realidade, o orgulho do indivíduo corre lado a lado com todos os seus aspectos existenciais, inclusive atua sobre suas faculdades psíquicas. Moldamos nossa existência de acordo com nosso estado evolutivo.

Em diversas ocasiões, o orgulhoso se apresenta como alguém empenhado em “prestar auxílio ao próximo”. Mas, aquilo que ele chama de caridade apenas representa um exercício de poder e controle sobre os outros. Apesar de suas afirmações e declarações fundamentadas em supostas boas intenções, ele está simplesmente dando expansão à vaidade de comandar a vida alheia.

Consciência de orgulho



Nós é que decidimos de que modo interpretaremos os atos e atitudes que acontecem em nossa vida. Qualquer que seja a importância e o significado que determinada pessoa ou acontecimento tenham para nós, eles terão o exato sentido e valor que nós lhes atribuímos. Em várias ocasiões, percebemos as coisas não como elas realmente são, mas como nós somos. Não há uma interpretação generalizada, mas, sim, a nossa percepção individual e peculiar de sentir e de ver.

Uma vez que cada indivíduo é uma criação imortal e única, suas percepções também são únicas e originais. Portanto, para melhor entendimento dessas considerações, precisamos discernir entre sensação e percepção.

Os cinco sentidos do homem cooperam entre si e alargam-se mutuamente, tendo como aliado imprescindível o sexto sentido. Por exemplo, quando o corpo recebe ondas de calor, os olhos, ondas de luz ou o nervo auditivo, ondas sonoras, essas ondas alcançam diretamente os centros nervosos, através dos órgãos dos sentidos físicos, provocando uma SENSAÇÃO.

PERCEPÇÃO, por sua vez, é a compreensão de algo, ou a interpretação do somatório de todas as sensações que estão ocorrendo conosco em dado momento. Tem como função primordial os sentimentos, e, sem a interpretação deles, não há como perceber adequadamente. O exercício da percepção nos leva a uma maior capacidade de compreender e explicar os fenômenos do reino interior; isto é, a mente se torna mais lúcida e compreende com exatidão.

Quando maior o desenvolvimento interno do indivíduo, mais elevado é seu “universo de discernimento”. Seu corpo astral é a “chave de recepção” das forças psíquicas.

A criatura humana é um ser que pensa, portanto é produto de suas sensações e percepções. Nada existe em nosso “arquivo mental” que não tenha passado pelos portais de nossas mais íntimas impressões.

ORGULHO é uma forma pela qual interpretamos as pessoas e os fatos. É uma “estado de consciência” em que a insensibilidade predomina. O orgulhoso utiliza unicamente o que supõe ou imagina, não o que sente. Sua percepção é distorcida, pois ele apenas dá importância ao que os outros vão pensar ou achar dele e não presta atenção em seu “universo interior”. Ele vive apenas “experiências teatrais” – interpreta papéis no palco da vida.

Muitos de nós estamos tão distanciados de nossas percepções – manifestações e expressões interiores, que nos tornamos “mártires de relacionamentos”. Somos incapaz3es de manter relações duráveis ou sinceramente afetivas.

O orgulhoso vive uma determinada fase evolutiva, ou seja, transita num estado mental onde predomina o ego e não a alma. (continua)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A escolha do caminho



O homem superior ao ouvir sobre o caminho esforça-se para poder realizá-lo. O homem mediano ao ouvir sobre o caminho, às vezes o resguarda, às vezes o perde. O homem inferior ao ouvir sobre o caminho trata-o às gargalhadas. Se não fosse tratado às gargalhadas não seria suficiente para ser o caminho

Tao Te Ching, cap. 41

Mestre Maa sempre diz que o Tao não faz julgamento. Dessa forma, quando o homem deseja a vida, o Tao lhe oferece a vida e quando o homem deseja a morte, o Tao lhe oferece a morte. Tao significa Caminho, então se o homem deseja a vida, ele vai fazer o Caminho da vida e se desejar a morte, ele vai fazer o caminho da morte. O Caminho, na verdade, não faz nada, quem faz a escolha do Caminho é você.

Então, o Tao no sentido místico, como Absoluto ou Divindade, não estaria fazendo julgamentos. Ele, simplesmente, age como se fosse um espelho, apenas refletindo a escolha de cada um, enquanto nós vamos simplesmente plantando e colhendo ao longo do Caminho, abrindo caminho e caminhando no destino.

Todos nós estamos no Caminho. Tendo ou não consciência da caminhada, nós estamos caminhando. Por exemplo, ninguém fica o tempo todo pensando: “eu estou vivo, eu estou vivo…”, mas nós estamos vivendo cada instante de nossa vida, sem perceber que estamos vivendo o presente. Na verdade, nós só costumamos perceber isso um tempo depois, através de sintomas como cabelos brancos, rugas, etc.

O Caminho espiritual também é assim e mesmo sem perceber ou ter consciência disso, estamos fazendo o Caminho. Tendo ou não consciência do nosso destino, nós estamos cumprindo, fazendo e projetando o destino: tendo ou não consciência do nosso carma, nós estamos consumindo, criando e projetando nosso carma. Em cada instante da nossa vida nós estamos indo para frente e esse Caminho é um caminho natural porque estamos trilhando nele infinitamente dentro do universo. Nós somos viajantes da infinitude.

(Wu Jyh Cherng, Sacerdote Taoísta)

O Tao e o Taoísmo



Artigo do Mestre Wu Jyh Cherng, para o Jornal Tao do Taoísmo - n. 19

O ideograma chinês Tao, que literalmente traduzido significa caminho, exprime o conceito filosófico de Absoluto. Este conceito traz a idéia de origem, princípio e essência de todas as coisas. O Absoluto está além do tempo, do espaço e das linguagens. Sendo assim, não pode ser expresso, pois todas as expressões dependem de uma linguagem e de uma referência de tempo e espaço. Da mesma forma que não é possível usar uma régua para medir algo que está além das medidas, também não se pode utilizar a linguagem para descrever algo que está além da linguagem. Ou seja, não é possível usar conceitos ou ferramentas do mundo finito para definir algo que é o próprio infinito. Por isso, Lao Zi diz, no Tao Te Ching: “O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante”.

Todas as linguagens – imagens, símbolos, palavras, idéias, pensamentos, sentimentos, emoções, etc. – são manifestações posteriores à criação do universo. Todas essas manifestações correspondem a formas limitadas, passageiras, temporárias e impermanentes. Os valores atribuídos às coisas mudam conforme o tempo e o destino. O que hoje é valorizado, considerado nobre, bonito e inovador, amanhã certamente não será mais. Do mesmo modo, um caminho feito numa determinada época, que está sendo seguido hoje, amanhã poderá não ser mais. Então, um caminho que possa ser expresso através da forma não é eterno, não é o Caminho constante.

Nenhuma palavra pode enquadrar a real natureza do Tao. “O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante”, ou seja: o Absoluto está além das linguagens. Apesar disso, para que possamos compreender racionalmente a experiência de um mestre que vive na condição Absoluta de ser, torna-se necessário a utilização de nomes, de palavras. Em outra obra de sua autoria – o Tratado da Transparência e da Quietude Permanente – Lao Zi reforça essa idéia: “O Grande Caminho não tem nome, não tem emoção, não tem forma. Eu não sei seu nome, mas me esforçando, atribuo a ele um nome, chamando-o de Caminho”.

Um caminho só tem sentido e efeito reais quando existem três elementos atuando simultaneamente: o caminhante, o caminho e o ato de caminhar. Um caminho que existe, porém não é trilhado, não tem utilidade. Da mesma forma, caso exista o caminhante, mas não exista o caminho, o caminhante não saberá por onde caminhar. Finalmente, caso exista caminho e caminhante, ainda assim, dependemos de um terceiro elemento: o ato de caminhar. Ou seja, a condição Absoluta de ser só pode ser encontrada através de experiência pessoal; o Absoluto existe somente quando nos integramos a ele. Assim, você pode até compreender racionalmente que existe uma condição anterior ao céu e à terra, fonte criadora de todas as coisas; porém, caso você não a vivencie através da prática de um caminho, ela não existirá para você. Um caminho espiritual precisa ser praticado para que possa ocorrer a realização pessoal do praticante. Por isso, Lao Zi escolheu o termo “caminho” para representar o Absoluto.

Esse caminho é o Caminho do Infinito, ou seja, um caminho que nunca termina. Apesar de um taoísta nunca alcançar uma meta final, o próprio fato de estar trilhando um caminho que não termina significa que está vivendo o Caminho do Infinito, ou seja, significa que alcançou seu objetivo espiritual. No Taoísmo, você nunca considera que chegou no final da linha, que sua realização espiritual está terminada. Caso contrário, o caminho trilhado não seria o Caminho Constante.

Pensando a linguagem como palavras, esse Caminho – que está além dela – se compara com o silêncio, com a ausência de palavras. Considerando como linguagem os pensamentos, idéias, intenções, visualizações, formas e símbolos, o além da linguagem seria a própria quietude. Esta quietude não deve ser compreendida como ausência de todas as coisas, mas como algo anterior que permite que todas as coisas se manifestem de maneira natural e espontânea. Ou seja, o Caminho é o próprio silêncio, a quietude e o vazio que está por trás e que coexiste com todos os ruídos, manifestações e formas da existência.

Sendo assim, para que possamos encontrar o Caminho, precisamos encontrar o silêncio e a quietude interior, precisamos resgatar uma condição de transparência em relação ao ambiente externo. Não importa em que condição se encontre o ambiente - se é ruidoso, barulhento e agitado, ou um local tranqüilo - não importa onde você esteja ou o que ocorra, o silêncio e a quietude interior devem permanecer inalterados, independente de qualquer fator externo. Para alcançarmos esse verdadeiro silêncio e quietude interior, precisamos possuir um certo grau de tranqüilidade, precisamos estar nos sentindo bem. É impossível alguém encontrar um caminho interior de paz e tranqüilidade se estiver remoendo algum sentimento no seu interior.

No mesmo tratado, em capítulos posteriores, Lao Zi menciona muitas vezes a expressão “ausência de remorso”. Ausência de remorso é exatamente ter paz e tranqüilidade interior. Trata-se de reconhecer de maneira sincera e honesta que, dentro do possível, apesar de todas nossas limitações, é possível se aperfeiçoar e melhorar na vida cotidiana, sempre buscando realizar o melhor para si próprio e para as outras pessoas.

O taoísmo não acredita no discurso de algumas pessoas que afirmam: “Todos estão no meu interior; basta que eu faça por mim, para estar fazendo por todos”. Um caminho espiritual não é um caminho onde se busca benefício exclusivamente pessoal, onde o mundo deixa de ter importância. Por isso, a sinceridade interior é essencial para podermos alcançar o estágio de ausência de remorso. Sinceridade significa fidelidade, lealdade e honestidade, com si próprio e com os outros.

Então, para retornarmos ao Tao, ao Absoluto, temos que primeiro recuperar o nosso bem estar e a nossa paz interior. A partir desta condição, podemos encontrar o silêncio e a quietude interior, abandonando uma identidade egóica e trilhando um caminho que está além da forma e das linguagens. E, ao trilhar este caminho, integrando-o a nossa vida diária, vamos nos unindo ao Tao.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Música do dia!

Eu gosto muito da voz de Shakira, o modo como ela se apresenta no palco, mas a música que vou colocar hoje será mais pelos tambores e pelas back vocals do que propriamente a letra, que sinceramente, não me agradou.

Vale a pena conferir essa apresentação de Shakira!


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Talkin' about a revolution



Don't you know
They’re talkin’ about a revolution
It sounds like a whisper
Don’t you know
They’re talkin’ about a revolution
It sounds like a whisper

While they’re standing in the welfare lines
Crying at the doorsteps of those armies of salvation
Wasting time in the unemployment lines
Sitting around waiting for a promotion

Poor people gonna rise up
And get their share
Poor people gonna rise up
And take what’s theirs

Don’t you know
You better run, run, run...
Oh I said you better
Run, run, run...

Finally the tables are starting to turn
Talkin’ about a revolution
__________________________________________________________________________
Falando Sobre Uma Revolução

Você não sabe
que estão falando numa revolução?
Isso soa como uma confidência
Você não sabia
que estão falando numa revolução?
Isso soa como uma confidência

Enquanto eles estão parados nas filas da assistência social
Chorando nas portas daqueles exércitos da salvação
Perdendo tempo nas filas de desempregados
Sentando ao redor da espera de uma promoção

As pessoas pobres vão se insurgir
E apanhar sua parte
As pessoas pobres vão se insurgir
E pegar o que é delas

Você não sabe?
Melhor você correr, correr, correr...
Oh, eu disse é melhor você
Correr, correr, correr...

Finalmente as discussões estão começando a voltar
Estão falando numa revolução

Hands clean... (Música do dia)



If it weren't for your maturity none of this would have happened
If you weren't so wise beyond your years I would've been able to control myself
If it weren't for my attention you wouldn't have been successful and
If it weren't for me you would never have amounted to very much

Ooh this could be messy
But you don't seem to mind
Ooh don't go telling everybody
And overlook this supposed crime

We'll fast forward to a few years later
And no one knows except the both of us
And I have honored your request for silence
And you've washed your hands clean of this

You're essentially an employee and I like you having to depend on me
You're kind of my prot¨¦g¨¦ and one day you'll say you learned all you know from me
I know you depend on me like a young thing would to a guardian
I know you sexualize me like a young thing would and I think I like it

Ooh this could get messy
But you don't seem to mind
Ooh don't go telling everybody
And overlook this supposed crime

We'll fast forward to a few years later
And no one knows except the both of us
And I have honored your request for silence
And you've washed your hands clean of this

what part of our history's reinvented and under rug swept?
what part of your memory is selective and tends to forget?
what with this distance it seems so obvious?

Just make sure you don't tell on me especially to members of your family
We best keep this to ourselves and not tell any members of our inner posse
I wish I could tell the world cuz you're such a pretty thing when you're done up properly
I might want to marry you one day if you watch that weight and keep your firm body

Ooh this could be messy and
Ooh I don't seem to mind
Ooh don't go telling everybody
And overlook this supposed crime

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ilusão e Realidade



Cada indivíduo é um microcosmo, parcialmente ciente de si mesmo; um complexo de forças inconscientes a ser ainda descobertas.

Demóstenes, um dos mais célebres oradores atenienses, dizia: “É extremamente fácil enganar a si mesmo; pois o homem geralmente acredita no que deseja”.

O ser vê as coisas e o mundo tal como ele é. Quando se vive em equilíbrio interior, até mesmo nos fatos e ocorrências que aparentam enormes desajustes se pode encontrar uma harmonia oculta. À medida que nos transformamos, vamos mudando nossa visão da Criação e das criaturas.

O termo “Sansara”, nas diversas religiões orientais, tem como significado o “mundo das ilusões”. Elas afirmam que a maioria dos seres humanos vive neste universo fictício, razão pela qual está presa ao círculo dos renascimentos, e que todo sofrimento provém de não sabermos distinguir a ilusão da realidade. Asseguram ainda que, para atingirmos a espiritualidade, seria necessários extinguir-mos as fantasias do mundo físico, aniquilando assim o “ego” – conjunto de ilusões que nos afastam do sendo de realidade.

O orgulho é a inquietação de viver para um imagem efêmera e egocêntrica. Alimentar a aparência requer viver em função da imaginação que se faz de si mesmo e das pessoas. A busca existencial dos orgulhosos não repousa nas experiências de “ser” e, sim, nas expectativas de “ter” ou de agradar os outros.

A fascinação está intimamente ligada ao orgulho e ambos têm como raízes a necessidade de triunfar a qualquer preço, uma arrogância competitiva, subprodutos de um complexo de inferioridade.

Os “olhos do fascinado” trazem gravados, em sua retina espiritual, clichês psíquicos – desta ou de outras existências – de imagens idealizadas de onipotência.
Por exemplo, na infância pode ter sido uma criança elogiada em demasia ou supervalorizada pelos familiares e amigos. Daí desenvolveu uma convicção de supremacia e orgulho, uma tendência adquirida de que nada existe que ele não faça bem e de que não há ninguém que faça melhor que ele. Esse indivíduo acredita não ter dúvidas, se julga um doador benemérito, uma pessoa admirável, possuidora de qualidades extraordinárias. Tudo isso pode até conter uma PARTÍCULA de verdade, mas esse excesso de admiração e elogios que recebeu quando criança pode ser a chave para que possamos compreender melhor suas atitudes de auto-ilusão.

Não é que ele não queira ver, está momentaneamente impossibilitado de enxergar a realidade. Aliás, só podemos modificar aquilo que conseguimos ou queremos ver.

Há casos de auto-ilusão em que não se pode afirmar, de forma categórica, que o fascinado “se obstina em conservar seu mal e nele se compraz”, de propósito, ou mesmo que ele negue o fato real, por ser teimoso e turrão. O fascinado não consegue descerrar os olhos, porque vive subjugado pela irrealidade do seu ego tacanho, individualista e míope.

Em muitas ocasiões, recusar a verdade ou não se permitir reconhecer a realidade se prende a um mecanismo de defesa inconsciente usado para bloquear a consciência às coisas que ameaçam os valores mais íntimos do indivíduo.

Neste caso, sempre que ele perceber que seu fictício prestígio ou sua auto-estima inadequada estiverem sendo ameaçados, acionará inconscientemente seu sistema ilusório, para proteger-se. Sua técnica de defesa será: “ESTOU SEMPRE CERTO”. Haverá um esforço enorme para resguardar sua suposta superioridade. Em muitas circunstâncias, pensamos que a máscara que utilizamos é a nossa verdadeira essência.
Forçá-lo ou obrigá-lo a enxergar a realidade negada pode ser sua medida precipitada e perigosa. Importante lembrar que “Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do cèu... tempo de plantar e um tempo de arrancar a planta”. Ele não suporta sugestões, observações ou qualquer questionamento sobre si mesmo u de suas atitudes. Quando lisonjeado, presta favores e retribui a devoção recebida, mas nunca admite ser seriamente contestado.

A fascinação é uma forma de auto-engano. É uma atração dominadora que esconde sob um manto opaco e invisível nossa visão clara e crítica dos valores naturais que regem nossa existência de Espíritos Imortais.

Um obsessor não causa a fascinaçã, apenas se aproveita dos núcleos mal elaborados da psique humana, agravando o desajuste já ali instalado. Nós é quem abrimos a aura, permitindo a intromissão de elementos negativos, que manipulam e dominam nossas energias.

Para nos desfazermos da fascinação ou da auto-ilusão seria preciso apenas nos desvencilharmos da escravidão da idéia pressuposta que temos ou desejamos ter acerca de nós mesmos. Sempre que abandonarmos nossa identidade real, tentando constituir como eixo central de nosso cotidiano uma imagem distorcida e fantasiosa, viveremos inadaptado socialmente e com uma série de transtornos psíquicos.

Seria muito simples sermos aquilo que somos, tomar posse de nossos verdadeiros dons divinos, evitando desse modo todo sofrimento e esforço para aparentarmos aquilo que não somos. Não esqueçamos, porém, que a sabedoria vem da prática; quanto mais experiências, mais discernimento e bom senso possuiremos.

“... Como não há pior cego do que aquele que não quer ver...”, é bom recordar que não podemos modificar as pessoas, mas apenas oferecer-lhes mãos amigas, compreensão e muita paciência.

Aprendendo a ser pacientes com nossas dificuldades, aprendemos, do mesmo modo, a ser tolerantes com as dos outros. Somente tomaremos soluções sensatas diante de situações enganosas quando já tivermos adquirido a capacidade de enxergar os fatos e acontecimentos tais quais são na realidade.

Honestidade emocional



Um indivíduo em estado de fixação mental nada vê, nada ouve, nada sente ou nada percebe além da pessoa, objeto ou fato a que sua mente cristalizada se prendeu.
A fixação mental pode perdurar por séculos. A alma se isola do mundo externo, passando a visualizar unicamente o centro do desequilíbrio, permanecendo paralisada, dominada por ocorrências ou fatos aflitivos, recentes ou remotos.

Trata-se de uma verdadeira tortura mental sobre a qual o enfermo não tem nenhum controle. A fronte pensadora mantém um diálogo ininterrupto: vive em constante conversa de si para consigo mesmo.

A mente se fixa em determinada criatura ou acontecimento e fica incapaz de evitar que os pensamentos, as discussões e as palavras continuem girando sem parar. O mundo mental se torna hiperativo; repete o mesmo problema muitas vezes, levando a criatura à fadiga, acompanhada de uma sensação de cabeça pesada e de sobrecarga íntima.

A perturbação interior pode imobilizar-nos por tempo incalculável entre os fios de sua “textura de escuridão”. A alma infeliz se faz prisioneira não só de inimigos externos, mas, sobretudo, dos mais ferrenos inimigos: os internos.

Indivíduos doentes comtemplam tão-somente, e por largo tempo, as aflitivas criações mentalis deles mesmos, ficando obstruída a possibilidade de observarem novas e edificantes paisagens de desenvolvimento e crescimento espiritual. São processos de monoideísmos, verdadeiros estados mentais alucinatórios, em que vivem isolados em circuitos fechados. São aprisionados nos próprios painéis íntimos e justapostos às criaturas afins, coagulando ou materializando imagens repetidas por associação individual e espontânea.

Reservados, carrancudos, tímidos, envergonhados e desprovidos de humor, eis as características mais freqüentes desses indivíduos.

Na mansão do pensamento, o racioncínio emite as ordens, mas é o sentimento que guia. Vivem uma espécie de desonestidade emocional, criando um afastamento não apenas do mundo, mas também de si mesmas.

Criamos um bloqueio mental e/ou emocional, separando o nosso horizonte contextual e o nosso conteúdo sentimental, o que resulta na perda do verdadeiro significado de nosso mundo afetivo. Estar com medo ou negar o que sentimos pode nos levar a uma situação que provoca alucinação. A criatura não consegue resolver-se, por ignorar suas reações emocionais, nem mexer-se, por que se autodistrai, criando uma idéia fixa que a mantém imobilizada ou paralisada intimamente.

Aprender a identificar o que estamos sentindo é um desafio que podemos dominar, mas não nos tornamos especialistas da noite para o dia. Não precisamos reprimir nossos sentimentos rigidamente, nem permitir que eles nos controlem ou nos imponham atos e atitudes. Lembremo-nos de que apenas podemos nos redimir até onde conseguimos nos perceber, até onde nos permitimos sentir.

A alucinação ou a idéia fixa, tanto consciente quanto inconsciente, limita a nossa liberdade de ação em diversos setores da vida. Toda ilusão deixa a criatura obcecada, e não admitir o que se sente é uma forma de auto-ilusão. Para não ficarmos enredados nas malhas da fixação mental, precisamos entrar em contato com o “chão da realidade”.

A cura definitiva para esse tipo de mal é aprimorar nossos sentimentos e abrandar nosso coração, identificando com atenção as reações interiores e transformando-as para melhor.

A Vida Maior não tenta distanciar o homem da Natureza, mas facilitar sua conexão com ela. Portanto, mais cedo ou mais tarde, o homem terá de voltar à naturalidade da vida, destruindo gradativamente os excessos que contrariam as leis naturais, e por conseqüência, geram conflitos ilusórios e perturbação íntima.

A edificação da paz no reino interior se estabelece em nós definitivamente quando começamos a cultivar a “honestidade emocional” em todas as nossos relações, com nós mesmos ou com os outros.

domingo, 4 de julho de 2010

Nossa Parcela



Talvez não percebas. Entretanto, cada dia, acrescentas algo de ti ao campo da vida.

As áreas dos deveres que assumiste, são aquelas em que deixas a tua marca, obrigatoriamente, mas possuis distritos outros de trabalho e de tempo, nos quais a vida te permite agir livremente, de modo a impregná-los com os sinais de tua passagem.

Examina por ti mesmo as situações com que te defrontas, hora a hora. Por todos os flancos, solicitações e exigências. Tarefas, compromissos, contatos, reportagens, acontecimentos, comentários, informações, boatos. Queiras ou não queiras, a tua parcela de influência conta na soma geral das decisões e realizações da comunidade, porque em matéria de manifestação, até mesmo o teu silêncio vale.

Não nos referimos a isso para que te ergas, cada manhã, em posição de alarme. Anotamos o assuntos para que as circunstâncias, sejam elas quais forem, nos encontrem de alma aberta ao patrocínio e à expansão do Bem.

Acostumemo-nos a servir e abençoar sem esforço, tanto quanto nos apropriamos do ar, respirando mecanicamente. Compreender por hábito e auxiliar aos outros sem idéia de sacrifício.

Aprendemos e ensinamos caridade em todos os temas da necessidade humana. Façamos dela o pão espiritual da vida. Acreditemos ou não, tudo o que sentimos, pensamos, dizemos ou realizamos, nos define a contribuição diária no montante de forças e possibilidades felizes ou menos felizes da existência.

Medite nisso. Reflitamos na parcela de influência e de ação que impomos à vida, na pessoa dos semelhantes, porque de tudo o que dermos à vida, a vida também nos trará.

Começar de novo



Erros passados, tristezas contraídas, lágrimas choradas, desajustes crônicos!...

Às vezes, acreditas que todas as bênçãos jazem extintas, que todas as portas se mostram cerradas à necessária renovação!... Esqueces-te, porém, de que a própria sabedoria da vida determina que o dia se refaça cada amanhã.

COMEÇAR DE NOVO é o processo da Natureza, desde a semente singela ao gigante solar. Se experimentaste o peso do desengano, nada te obriga a permanecer sob a corrente do desencanto. Reinicia a construção de teus ideiais, em bases mais sólidas, e torna ao colar da experiência, a fim de acalentá-los em plenitude de forças novas.

O fracaso visitou-nos em algum tantame de elevação, mas isso não é motivo para desgosto e autopiedade, porquanto, frequentemente, o malogro de nossos anseios significa ordem do Alto para mudança de rumo e começar de novo, é o caminho para o êxito desejado.

Temos sido talvez desatentos, diante dos outros, cultivando indiferença e ingratidão; no entanto, é perfeitamente possível refazer atitudes e começar de novo a plantação da simpatia, oferecendo bondade e compreensão àqueles ue nos cercam.

Teremos perdido afeições que supúnhamos inalteráveis; todavia, não será justo, por isso, venhamos a cair em desânimo. O tempo nos permite começar de novo, na procura das nossas afinidades autênticas, aquelas afinidades suscetíveis de insuflar-nos coragem para suportar as provações do caminho e assegurar-nos o contentamento de viver.

Desafaçamo-nos de pensamentos amargos, das cargas de angústia, dos ressentimentos que nos alcancem e das mágoas requentadas no peito! Descerremos as janelas da alma para que o sol do entendimento nos higienize e reaqueça a casa íntima.

Tudo na vida pode ser recomeçado de novo para que a lei do progresso e do aperfeiçoamento se cumpra em todas as direções.

Efetivamente, em muitas ocasiões, quando desprezamos as oportunidades e tarefas que nos são concedidas, voltamos tarde a fim de revisá-las e reassumi-las, mas nunca tarde demais.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Mal entendido

O que caracteriza o mal-entendido é o seguinte: aquilo que para um é importante, é insignificante para o outro, mas no sentido de que, no fundo, as duas pessoas estão separadas por uma bagatela; estão desunidas no seu mal-entendido porque não arranjaram tempo para começarem a entender-se.

Pois, no fundo de todo o «desacordo real», há um acordo: «o mal-entendido» sem fundamento reside na falta de compreensão prévia sem a qual acordo e desacordo são, um e outro, um mal-entendido.

Penso às vezes, que eu promovo facilmente mal-entendidos nas pessoas, pois sou extremamente educada e carinhosa. Muitas pessoas podem confundir educação com interesse afetivo. Há poucos dias percebi isso e me senti muito mal. Não sei porque as pessoas confundem tanto o que é tão claro! Interesse afetivo e amizade são coisas muito distintas, mas acho que agora é hora de escutar e compreender mais as palavras de meu pai, quando uma vez ele disse que, cada pessoa tem uma leitura diferente de uma determinada situação. Se você ofereceu amizade e o outro entendeu como interesse amoroso; é porque o interesse nasceu primeiro na pessoa que entendeu a amizade como tal. Daí, surgem os constrangimentos: você quer amizade e o outro teima que você quer relacionamento, porque ele já tem esse "sonho" na mente.

Até você provar aquela velha frase: "não é bem isso que você está pensando", tudo caiu no abismo. E não adianta você provar por A + B que não tem interesse algum. A teimosia do outro em enxergar que você quer algo a mais é muito forte... tão forte quanto o "devaneio" que ele gostaria que se tornasse real, para muitas das vezes se sentir superior, amado, desejado.

Quem não quer ser desejado pelo objeto de suas mais secretas paixões? Pois é, queridos. Porém, há uma grande diferença entre o que é real e o que é imaginário. Sonhar é bom, é divertido, é legal, mas não vamos criar mal-entendidos para que ninguém fique constrangido. Eu, particularmente, detesto isso e como já fui vítima do engano algumas vezes e fui recentemente (de novo!!!!!!!!) sei o quanto é ruim e como abala amizades que poderiam ser bonitas, sem interesse algum e sem mágoa.

Meu interesse é amizade... SEMPRE. Eu estou doando a quem quiser e precisar com muito carinho e sinceridade. Interesses amorosos à parte, pois sou casada e bem casada. Respeito meu marido e a mim mesma em todos os sentidos.

A você, querido amigo, (que sabe para quem estou falando), desfaço aqui o mal-entendido que você instalou em sua mente. Minha amizade é a mesma, embora eu e meu marido tenhamos ficado constrangidos com seu modo de ver as coisas.

Desejo a ti boa sorte em todos os campos de sua vida. Que você seja muito feliz!

Abraços meus e de meu companheiro!