segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Defenda-se com a auto-responsabilidade


Carl Gustav Jung desenvolveu a expressão "sombra" para denominar tudo aquilo que somos mas ignoramos ser. Esse termo, em psicologia, significa que tudo o que o homem não quer ser ou ver em si mesmo permanece oculto no seu inconsciente. É o "outro" lado de nós mesmos, o que se encontra no "mais escuro" de nossa alma. Da "sombra" igualmente fazem parte nossas capacidades em germe que, por algum motivo, ainda não puderam ser despertadas.

A "sombra" se compõe de nossos opostos não integrados, ou seja, quando rejeitamos nossa ambivalência - nossos aspectos radicalmente diferentes. Ao aceitarmos nossa condição de almas em evolução, assumindo os elementos naturais da estrutura humana, isto é, as duas polaridades da vida (claridade - escuridão; intuição - razão; masculino - feminino; doçura - agressividade; humildade - orgulho), conseguiremos nos tornar seres unos ou plenos.

Ao evitarmos os extremos, faremos uma conexão entre os opostos. Sem compulsão e sem passividade, encontraremos o meio-termo, o equilíbrio. Enfim, ao abraçarmos nossa "sombra", conseguiremos a unidade total.

A "sombra, no processo de integração, precisa ser reconhecida ou posta em ordem, para que sua essência, por nós desconhecida, não seja desencadeada para fora. de modo incontrolável e insano. Necessitamos trazê-la gradativamente para a consciência, tendo presente que tudo o que se ignora e reprime é revivido num abrangente processo de "projeção".

A "projeção" - umas das técnicas de defesa do ego - acontece quando recusamos aceitar, ou não ver, o que está dentro de nós. Tentamos nos livras de nossas fraquezas, limitações, inseguranças, medos, atribuindo-os a alguma situação ou pessoa. Quanto mais enérgica e constante for a nossa manifestação de censura e descontentamento por determinada situação ou comportamento, maior a possibilidade de se tratar de "projeção". Na realidade, REPROVAMOS OU CRITICAMOS VEEMENTE NOS OUTROS AQUILO QUE NÃO PODEMOS ACEITAR EM NÓS.

Quando não estamos conscientizados dos diversos aspectos de que compõe nossa "sombra", ela é projetada no exterior de forma imprevista e constante. Em síntese, tudo aquilo com que nos deparamos "fora" de nós é algo que procede de "dentro".

Certamente que "nada há no exterior do homem que, penetrando nele, o possa tornar impuro". Em outras palavras: o que os prejudica ou nos faz mal não provém de fora, mas de nossa intimidade desconhecida e rejeitada, que é vivida na "projeção".

Somente quando avaliamos nosso "coeficiente evolutivo" e tomamos contato com nossas dificuldades e fragilidades existenciais, é que podemos iniciar nossa real tarefa de transformação íntima. Além do mais, só conseguimos modificar aquilo que admitimos e vemos claramente em nós mesmos.

Em todas as etapas da humanidade, vamos encontrar as minorias, os considerados libidinosos, os adúlteros, os malfeitores e as prostitutas desempenhando um papel doloroso, pois a sociedade pode facilmente lançar-lhes, de forma indiscriminada, suas "projeções"...

(CONTINUA)

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