terça-feira, 29 de junho de 2010

O amor de Saya - Ao querido amigo



Ontem eu falava com um amigo muito querido e muito iluminado e me lembrei dessa música. Falávamos de trilhas sonoras de Animes. Eu adoro animes e mangás. Foi uma troca de informações divertida sobre músicas e animação japonesa, entre outras coisas maravilhosas que nós conversamos. Você é realmente um exemplo de reforma íntima, compreensão e caridade, auxílio e bondade. Sua vontade de evoluir em todos os sentidos deveria ser exemplo para muitos que ainda teimam em ficar no abismo de suas próprias imperfeições e limitações.

Essa música eu dedico a você, querido amigo, de horas difíceis, horas alegres, de todas as horas. Você é muito especial, Alexandre.

Muito obrigada... para sempre!

Perdão



Quando nos referimos a perdão, habitualmente mentalizamos o quadro clássico em que nos vemos à frente de supostos adversários, distribuindo magnanimidade e benemerência, qual se pudéssemos viver sem a tolerância alheia.

O assunto, porém, se espraia em ângulos diversos, notadamente naqueles que se reportam ao cotidiano.

Se não soubermos desculpar as faltas dos seres que amamos, e se não pudermos ser desculpados pelos erros que cometemos diante deles, a existência em comum seria francamente impraticável, porquanto irritações e azedumes devidamente somados atingiriam quota suficiente para aniquilarmos a vida de qualquer pessoa.

Precisamos muito mais de perdão, dentro de casa, que na arena social, e muito mais de apoio recíproco no ambiente em que somos chamados a servir, que nas avenidas rumorosas do mundo.

Em auxílio a nós mesmos, todos necessitamos cultivar compreensão e apoio construtivo, no amparo sistemático a familiares e vizinhos, chefes e subalternos, clientes e associados, respeito constante à vida particular dos amigos íntimos, tolerância para os entes amados, com paciência e olvido diante de quaisquer ofensas que assaltem os corações. Nada de aguardarmos sucessos calamitosos, dores públicas e humilhações na praça, a fim de aparecermos na posição de atores da benevolência dramatizada, apesar de nossa obrigação de fazer o bem e esquecer o mal, seja onde for.

Aprendamos a desculpar - mas a desculpar sinceramente, de coração e memória -, todas as alfinetadas e contratempos, aborrecimentos e desgostos, no círculo estreito de nossas relações pessoais, exercitando-nos em bondade real para ser realmente bons. Tão somente assim, lograremos praticar o perdão real. Nossos companheiros necessitam de nós tanto quanto nós necessitamos deles, e, por isso mesmo, de corações entrelaçados no caminho da vida, é imprescindível reconhecer que, entre os verdadeiros amigos, qualquer ocorrência será motivo para aprendermos, com segurança, a abençoar e entender, amar e auxiliar.

Julgamento



Observando os atos dos outros, é importante lembrar que os outros igualmente estão anotando os nossos. Sabemos, no entanto, de experiência própria, que, em muitos acontecimentos da vida, há enorme distância entre as nossas intenções e nossas manifestações.

Quantas vezes fomos considerados relapsos ou pusilânimes, à vista de termos praticado otimismo e benevolência, perante aqueles com os quais teremos chegado ao extremo limite da tolerância? Em quantas ocasiões estamos sendo avaliados por disciplinadores crueis, quando simplesmente desejamos a defesa e a vitória dos entes que mais amamos, e em quantas outras passamos por tutores irresponsáveis e levianos, quando entregamos as criaturas queridas às provas difíceis que elas mesmas disputam, invocando a liberdade que as Leis do Universo conferem a cada pessoa consciente de si?

Reflete nisso e não julgues o próximo, através de aparências. Deixa que o amor te inspire qualquer apreciação, e, quando necessites pronunciar algum apontamento, num processo de emenda, coloca-te no lugar do companheiro sob censura e encontrarás as palavras certas para cooperar na obra de ilimitada misericórdia com que Deus opera todas as construções e todos os reajustes.

Jamais condene porque a Vida descobrirá meios de invalidar as posições do mal para que o bem prevaleça, e, toda vez que as circunstâncias te obriguem a examinar os atos dos outros, recorda que nossos atos, no conceito dos outros, estão sendo examinados também.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Tantra Love



Esse video diz tudo... Não preciso falar nada...

A jovem e o dragão



A bela Wei e o jovem Weng se casaram muito cedo e, a cada ano, sentiam-se mais apaixonados. O único problema entre ambos era quando, por alguma razão, precisavam ficar afastados. Os dois sofriam muito com a falta que sentiam um do outro. E foi justamente isso o que aconteceu quando o imperador organizou um concurso de artes marciais para o qual o jovem fora convidado a participar.

Wei não poderia partir com o marido, pois ele deveria viajar com a comitiva formada pelos outros participantes do concurso, de modo que ela partiu alguns dias depois, a cavalo, acompanhada por um pequeno grupo de amigos.

A viagem corria bem, embora Wei, sentindo muitas saudades, contasse os dias e as horas que restavam para o término de sua jornada. No entanto, num determinado momento, o grupo alcançou um trecho da estrada muito perigoso, no qual era necessário que os cavalos atravessassem uma pequena trilha que circundava um profundo precipício.

O cavalo de Wei era um animal suave e tranqüilo, mas, justamente no ponto mais perigoso do trajeto, por alguma razão, o animal se assustou, dando um salto, e a jovem foi atirada ao fundo do abismo.

Quando despertou, horas depois, Wei percebeu que estava viva, embora um pouco ferida. Olhou ao seu redor e viu que caíra numa espécie de clareira onde havia belas árvores frutíferas. Faminta, a jovem colheu alguns frutos e deles se alimentava quando a noite começou a cair e ela lembrou-se de que ficaria no mais completo escuro, naquele fim de mundo, onde ninguém poderia encontrá-la. Desesperada, chorou lágrimas amargas.

A noite caiu e o escuro era tenebroso. Wei aninhou-se sob as árvores e fechou os olhos para que o medo não a dominasse. Mas fazia frio e seu corpo tremia tanto que ela não conseguia adormecer. Algumas horas depois, desistiu do descanso, sentou-se e começou a cantar, na esperança de que o canto afastasse de sua mente os medos que a assolavam.

"Ah, se eu ao menos tivesse uma pequena lanterna", ela pensou.

Foi quando uma luz rompeu as trevas, um foco de luminosidade arredondada e amarela, como se fosse o olho de um gigante. Antes que Wei tivesse tempo de dizer uma só palavra, outras luzes semelhantes foram surgindo no ar. Até que a clareira ficou inteiramente iluminada e Wei percebeu que estava cercada por vários dragões voadores.

____ Seja bem-vinda, bela Wei - disse um deles -, nós a atraímos para nosso esconderijo.

____ Por que?

____ Para ouvi-la cantar, justamente - disse um dragão sorridente.

____ Nós sempre a ouvimos a distância, quando você cantava para seu marido, agora pudemos desfrutar de sua bela voz bem de perto. Mas há uma diferença em seu canto - comentou o mestre de todos eles.

____ E qual é?

____ Sua voz estava cheia de tristeza!

____ É verdade! Meu coração chora dce saudades! Por favor, senhor dos dragões, me leve para perto de Weng!

____ Façamos um trato, minha jovem, eu a conduzirei pela noite do vale eterno e você, mesmo sendo uma simples mortal, poderá vislumbrar toda a beleza dos vales secretos. E depois disso, se mesmo assim, você desejar voltar, viver e morrer como a esposa de Weng, cumprirei seu desejo.

A Bela Wei e o poderoso dragão sobrevoaram todos os mares, montanhas e vales, depois alcançaram as estrelas e deram a volta na lua, além de mergulharem nos abismos profundos e nos recantos mais ocultos das cavernas secretas de animais mágicos.

No entanto, mesmo diante de tantas maravilhas, a jovem preferiu voltar à sua vida terrena e ir ao encontro de seu querido companheiro. O dragão, como era de se esperar, ficou muito desapontado, mas a jovem lhe prometeu:

____ Caro amigo, prometo compor a mais bela canção em sua homenagem. Criarei uma melodia tão encantadora para embalar minhas palavras que todos os que a ouvirem saberão que todo dragão traz dentro de si o coração de um sábio imortal.

Conta-se que a canção de Wei era tão encantadora que todos os que a ouvissem, ao adormecer, sonhariam com o vôo mágico de um poderoso dragão.


(Baseado num trecho do clássico chinês, Crônicas dos anos de paz, Taipingguangji)

Bat for Lashes - Daniel



Daniel when I first saw you
I knew that you had a flame in your heart
And under under our blue skies
Marble movie skies
I found a home in your eyes
We’ll never be apart

And when the fires came
The smell of cinders and rain
Perfumed almost everything
We laughed and laughed and laughed
And in the golden blue
Cryin’ took me to the darkest place
And you have set fire to my heart

When I run in the dark, Daniel
To a place that’s worst ?
Under a sheet of rain in my heart
Daniel
I dream of home

But in a goodbye bed
With my arms around your neck
Into our love the tears crept
Just catch in the eye of the storm
And as my heart ran round
My dreams pulled me from the ground
Forever to search for the flame
For home again
For home again

When I run in the dark, Daniel
To a place that’s worst?
Under a sheet of rain in my heart
Daniel
I dream of home

When I run in the dark, Daniel
To a place that’s worst
Under a sheet of rain in my heart
Daniel
I dream of home

domingo, 27 de junho de 2010

Pensar em você

Hoje eu estou querendo só escutar músicas. Então, estava me lembrando de algumas que me traziam paz e tranqüilidade. Não sou fã também do Chico César, porém, essa é uma linda música. Eu me lembro de uma viagem que fiz, sozinha, para o Rio de Janeiro. Ah, os finais de tarde em Ipanema eram maravilhosos! Que saudade do mar! Eu amo o mar... incrível eu morar ainda numa cidade onde eu não posso vê-lo todos os dias. ^^



Pensar em você
(Chico César)

É só pensar em você
Que muda o dia
Minha alegria dá prá ver
Não dá prá esconder
Nem quero pensar
Se é certo querer
O que vou lhe dizer
Um beijo seu e eu vou só
Pensar em você

Se a chuva cai
E o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
E em paz com o mundo
E comigo

Se a chuva cai
E o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
E em paz com o mundo
E consigo


Como esta noite findará
e o sol então rebrilhará
estou pensando em você
onde estará o meu amor
será que vela como eu
será que chama como eu
será que pergunta por mim
onde estará o meu amor
se a voz da noite responder
onde estou eu
onde está você
estamos cá dentro de nós
sós
onde estará o meu amor?
se a voz da noite silenciar
raio de sol vai me levar
raio de sol vai te trazer
onde estará o meu amor

Como esta noite findará
e o sol então rebrilhará
estou pensando em você
será que vela como eu
será que chama como eu
será que pergunta por mim
se a voz da noite responder
onde estou eu
onde está você
estamos cá dentro de nós
sós
onde estará o meu amor
se a voz da noite silenciar
raio de sol vai me levar
raio de sol vai lhe trazer

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pés cansados...

Essa é a minha música para hoje... adorei a letra. Não sou fã da Sandy, mas tenho que reconhecer que ela evoluiu muito como artista. Pés cansados é uma música muito linda. Meu tema para o dia de hoje, que está apenas começando...

Bom dia a todos...

História Oriental




Um homem santo era esperado na China, e ao chegar, o imperador foi recebê-lo e encontrou-o com um sapato no pé e outro na cabeça.

O imperador ficou embaraçado, pois as pessoas riam. Pensou: "Afinal, que homem é esse? Esperei tanto por ele, pensando que era um homem sagrado, um sábio e agora ele parece um palhaço".]

Perguntou-lhe, na primeira oportunidade:

____ Por que você se apresenta assim? Todos estão rindo e eu estou envergonhado. Você é um santo e devia se comportar como um santo.

O sábio disse:

____ Só os que não são santos é que se comportam como santos. E você precisa prestar atenção ao seu comportamento, ele deixa de ser espontâneo.

____ Não entendo: com um sapato na cabeça você parece mais um palhaço.

____ Ora, tudo pode ser visto como uma palhaçada. Você, como imperador, de túnica e honrarias, também parece um palhaço. Tudo na vida é representação, o real não está no exterior. Não olhe para meu corpo, olhe para mim.

O imperador pensou: "Esse homem é raro, e no entanto, todos podem brincar com ele e está sempre sorrindo".

____ Por que você sempre ri?

____ Uma pessoa iluminada está sempre rindo. Onde existe seriedade há algo errado, porque a seriedade faz parte de um ser doente. Nenhuma rosa é séria, a menos que esteja doente. Nenhum pássaro é sério, a menos que haja algo errado. Toda vez que há algo errado a seriedade aparece. Quando tudo está bem há risos e alegria.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Huang He Lou

Eu simplesmente AMO música chinesa. Essa é para meu paizinho... para relembrar os lindos momentos, os bons e alegres momentos, seus ensinamentos e seu olhar sempre carinhoso e protetor.

Essa é a sua música preferida, lembra? Abraços, paizinho Liang.


Daughter of the moon - ZHANG Yan

O sorriso de Bao Si




O rei You da dinastia Zhou foi o último soberano da dinastia no século VIII a. C. Foi um rei injusto e parvo que preocupava-se apenas em gozar a vida com suas concubinas. A favorita de suas concubinas chamava-se Bao Si. O rei procurava satisfazer todos os seus desejos, mas a concubina mostrava-se sempre fatigada. Quando mais o rei tentava agradá-la, mais vexada ficava. Fazer a concubina rir tornou-se um quebra-cabeça para o rei.

Um dia, o rei levou a concubina para uma excursão. Os dois chegaram a uma torre de almenara no monte Li. O rei explicou as funções das torres de almenara. Ou seja, elas serviam como um meio de comunicação em caso de invasão entre as regiões fronteiriças, a capital e os principados. Ele ressaltou, na oportunidade, que as torres podiam convocar as tropas de todo o país para socorrer a capital, em caso de emergência.

Bao Si não acreditou nas palavras do rei. A fim de agradar a concubina, o rei mandou acender uma fogueira na torre. As torres começaram a sinalizar uma pós outra. Vendo os sinais, os chefes dos principados moveram suas tropas rumo à capital.

No entanto, quando chegaram ao sopé do monte Li, se depararam com o rei You e Bao Si se esbaldando com diferentes vinhos e divertindo-se com a situação. Por fim, se deram conta que haviam sido enganados. Porém, não se atreveram a manifestar sua cólera e se retiraram muito chateados. Bao Si viu que os líderes perderam sua costumeira vaidade e arrogância, achou graça e não se conteve, forçando um sorriso para jubilar o rei.

Depois da retirada, o rei You mandou reacender os sinais nas torres de almenara. Os chefes dos principados retornaram imediatamente com suas tropas. A concubina e o rei se esbaldaram novamente em gargalhadas. Após cair em repetidos trotes, ninguém retornou mais quando as sinalizações foram repetidas.

Pouco tempo depois, o rei You quis transformar Bao Si em sua rainha e o filho do casal em príncipe herdeiro. Para tal, revogou os títulos concedidos à sua atual rainha e ao príncipe herdeiro. O pai da ex-rainha era o rei do Estado Shen. Enraivecido com a revogação do título de sua filha, enviou suas tropas para atacar o rei You. Este, atemorizado, mandou acender a sinalização nas torres, a fim de convocar as tropas dos principados.

Porém, ninguém mais acreditava no rei. Em pouco tempo, a defesa da capital da dinastia Zhou foi rompida, o rei You foi morto e a concubina Bao Si, capturada. Chegava ao fim a dinastia Zhou.

O cego e o sol...



(De Su Tungp’o)

Era uma vez um cego de nascença. Nunca tinha visto o sol e perguntava como ele era para as pessoas. Alguém lhe disse: “é como uma bandeja de latão”, e quando o cego, um dia, deu com uma bandeja pendurada, ouviu o som de metal e guardou-lhe como recordação do sol. Um dia, porém, tocaram sinos de bronze e o cego pensou que era o sol. Até que alguém lhe disse: “a luz do sol, na verdade, é como uma vela”. Um dia, o cego apalpou a vela e pensou que esta era a forma do sol. Assim, um dia encontrou um pedaço de bambu no chão e pensou tratar-se do sol. O Sol é muito diferente do sino ou do bambu, mas o cego não pode ver isso porque nunca viu o sol. O Tao é mais difícil de ver do eu o sol, e por isso os homens são com o cego. Ainda que vocês façam comparações, exemplos e tratados, o Tao será como o sol para o cego, parecido com uma bandeja, com um sino ou um bambu. Sempre imaginaremos uma coisa, esquecendo de outra. Assim, os homens se afastam cada vez mais da verdade, dando lhe aparências através de nomes. Todos estes enganos são tentativas de compreender o Tao.

Taoísmo




Embora seja normalmente associado à figura do sábio Lao-Tsé, o Taoísmo é bem mais antigo. Lao-Tsé é uma figura tanto histórica quanto mítica, mas os historiadores acreditam que ele tenha nascido por volta de 600 aC. Segundo a lenda, sua mãe trouxe-o no ventre durante mais de 80 anos, de modo que, ao nascer, Lao-Tsé já era um velho, o velho menino, como é chamado. Filósofo místico despojado, com a serenidade e a suavidade como características principais, é a ele que atribui-se a autoria do Tao Te Ching, um dos livros mais conhecidos do Taoísmo. Hoje, no entanto, os estudiosos acham que, quando o velho menino nasceu, o Taoísmo já era uma religião muito antiga e tradicional. Ele não foi o primeiro filósofo taoísta, e nem o único. Durante a vida de Lao-Tsé, depois dele e, principalmente, antes que ele surgisse no mundo, muitos outros filósofos pregaram as maravilhas e a sabedoria do Tao.

A religião taoísta é uma espiritualidade de simplicidade e conhecimento. Para os taoístas, o Tao expressa-se por meio dos elementos opostos Yin e Yang, que formam todo o Universo, visível e invisível. Quando esses elementos estão em desarmonia, sobrevêm a doença, o sofrimento, a violência e a infelicidade. Os devotos procuram, portanto, viver em harmonia, sem aspirar demais às coisas e procurando deixar que o Tao, através de suas manifestações Yin e Yang, expresse-se suavemente através de si mesmos.Há diferentes maneiras de se praticar o Taoísmo. A maior parte delas baseia-se em elementos exotéricos, de prece e devoção, o que constitui a base de toda a vida religiosa e cultural chinesa. A alma chinesa é taoísta por excelência. Desde as artes plásticas às artes marciais, a medicina, o comer e o beber, até a própria revolução socialista de Mao-Tsé-Tung, tudo na China está carregado do simbolismo Tao.

Mas há o lado esotérico do Taoísmo, baseado nas práticas do autoconhecimento, nos exercícios psicofísicos e na alquimia espiritual. Desse lado interno da filosofia taoísta nasceram muitas práticas que hoje são conhecidas em todo o mundo, como o Tai-Chi-Chuan, o Chi-Kung, a Acupuntura e a Medicina Chinesa, e o Feng Shui, entre outros. A maior parte dessas práticas já alcançaram hoje quase todo o mundo ocidental, sendo que algumas têm sido comprovadas e adotadas pela ciência contemporânea. O Taoísmo está hoje dividido em várias escolas, que enviaram missionários pelo mundo, para propagar a sua filosofia. Assim como o Taoísmo, todas as religiões históricas têm muito de sabedoria para nos oferecer.

Liu I-ming




A harmonia é importante para o Tao, mas para que se tornar um ermitão silencioso? Um antigo adepto usou o comércio para completar o grande caminho; outro, alimentou a árvore espiritual enquanto servia de funcionário. Estar no mundo e, ao mesmo tempo, além do mundo é a estrada que transcende o comum. Afastados da sociedade e, no entanto, em seu seio, entramos no lar dos imortais. Desde tempos antigos, são inúmeras as pessoas que se aprimoraram em cidades e vilarejos.

O caminho do Tao




Ts'ao era um jovem que nascera numa família de imperadores. No entanto, desde menino, ele nunca demonstrara interesse por política, riquezas ou conquistas de poder. Ao contrário, seu irmão não media esforços para ganhar mais terras ou jóias. Impiedoso, passava por cima de amigos ou parentes quando queria obter o que desejava.

Horrorizado com os sofrimentos que o próprio irmão causava tanto à família imperial quanto ao povo, Ts'ao tentou desviá-lo desse caminho. Mas, quando percebeu que seus esforços tinham sido totalmente inúteis, Ts'ao deixou o palácio para viver na natureza, cultivando a sabedoria do Tao, o verdadeiro caminho.

Certa manhã, Ts'ao recebeu a visita de dois sábios imortais e eles lhe disseram:

___ Soubemos que você abandonou uma vida imperial para cultivar a simplicidade dos antigos mestres.
___ É verdade - respondeu Ts'ao.
___ Então, por favor, responda às nossas dúvidas.
___ E quaissão suas dúvidas? - ele disse.
___ Onde fica o caminho do Tao?

Ts'ao apontou para o céu.

___ Onde fica o céu? - indagou o imortal.
___ Dentro do meu coração - respondeu Ts'ao.

Sorrindo, os imortais lhe disseram:

___ O Tao é o caminho do céu e este caminho habita seu coração. Você realmente conhece a natureza original da vida.

Então, os três se abraçaram, rindo. Em seguida, os imortais convidaram Ts'ao para acompanhá-los até o reino eterno.

(Ts'ao Kuo-Chiu)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Uma estória chinesa




Uma história chinesa mostra a transformação radical que ocorre na alma humana ao exercitar o amor pelo outro, manifestado sob a forma de carinho, cuidado e atenção, o húmus fértil onde pode nascer aquele que é o mais precioso dos sentimentos: – "A pequena Sun Tui, esposa do filho de um mercador, tinha como sogra uma megera, que deixava todas as tarefas da casa para Sun Tui fazer. Era um tal de "Sun Tui, faz minhas tranças "para cá, "Sun Tui ", dê de comer aos porcos " para lá, um inferno para a jovem que era ainda quase uma criança. Sun Tui não tinha nem um minuto de descanso e odiava a sogra.


Desesperada, um dia ela foi ao mestre herborista da vila implorar um veneno para colocar no chá da sogra. Contou, chorando, toda a triste história de suas desgraças, e o especialista em ervas decidiu ajudá-la. "Vou lhe dar um veneno potentíssimo, de ação lenta e segura " , disse ele. " Mas é preciso dá-lo aos pouquinhos , todos os dias . Assim ninguém suspeitará de você nem de mim quando sua sogra morrer . Nesse período , para evitar suspeitas , você deve fingir tratar sua sogra com todo carinho , satisfazendo seus caprichos com alegria, cuidando dela com amor e tolerância", continuou o herborista. "Só assim poderei ajudá-la ", concluiu.

Sun Tui aceitou imediatamente as condições e desdobrou-se em cuidados. Antecipava os desejos da megera, trazia flores e mimos para arrancar seus sorrisos , caprichava nos bolos e doces que servia no lanche da tarde. A casa vivia brilhando e ela não reclamava mais ao marido. Mas não se esquecia de colocar o veneno no chá da sogrinha toda noite.

Acontece que, com as novas atitudes da nora, a megera amoleceu . Num dia pediu para Sun Tui sentar e descansar aos seus pés, enquanto lhe contava uma história. No outro, separava um lindo corte de brocado para a jovem fazer um vestido. Ou então presenteava-a com pulseiras e anéis de jade, para que pudesse ficar mais bonita. Quem as visse, pensaria que eram mãe e filha.

Sun Tui também começou a abrandar. O carinho, o cuidado e a preocupação com a sogra passaram a ser reais. E certo dia, arrependida por ter tido vontade de matar sua antiga inimiga, voltou desesperada ao herborista – dessa vez para implorar por um antídoto.

O mestre escutou pacientemente as lamúrias de Sun Tui. Pediu o veneno de volta e ela, obediente, entregou o pacotinho. Diante dos olhos arregalados da menina, o herborista despejou o conteúdo de uma só vez no chá e o tomou. Sorrindo. O velho herborista, que conhecia a alma humana, tinha usado de um artifício para despertar o coração da menina. Nunca houve veneno e nem era preciso o antídoto. Sun Tui tinha aprendido a amar".

Amar é assim, mais que um sentimento platônico é uma forma de conduta; e a conduta reiterada gera o "nosso jeito de ser" perceptível pelo outro. Amar é verbo e verbo é ação:

-É acarinhar, é cuidar, é tolerar, é atender ao outro, é dedicar-se ao outro de uma forma tão constante que o outro passa a confiar nessa relação sem medo de ser ferido em seus sentimentos. Quem ama pratica os verbos do amor sem esperar retribuição. Ama.

Simplesmente ama.

Princesa Peônia

Há muitos e muitos anos, em Gamo-Gun, na província de Omi, havia um castelo chamado Azuchi. Era um lugar antigo e magnífico, cercado por uma alta parede de pedras e um fosso cheio de lótus. O senhor feudal era um homem muito rico, porém mau humorado, chamado Yuki Naizen no Jô. Sua esposa tinha estado doente por alguns anos e teve uma única filha, que todos chamavam carinhosamente de Aya Hime (princesa Aya).

Na época, o Japão vivia um longo período de paz e tranqüilidade, e os senhores feudais haviam abandonado a idéia de guerrear constantemente para conquistar novos territórios. Como os feudatários mantinham relacionamento amigável, Naizen no Jô percebeu, então, que a época era oportuna para encontrar um bom marido para sua filha.

Depois de vários contatos, ele optou pelo segundo filho do senhor do castelo de Ako, da província de Harima, para ser o marido de sua filha. Os dois feudatários ficaram muito satisfeitos com a possibilidade de que seus filhos viessem a se casar, pois a aliança matrimonial fortalecia sobremaneira o poder bélico de ambos.

Nessa época, no Japão, as famílias ricas marcavam os casamentos de seus filhos sem que estes tivessem prévio conhecimento um do outro. Já que era obrigada a aceitar a determinação de seu pai, a princesa Aya fez grande esforço mental para amar seu futuro marido, falando e pensando nele positivamente, mesmo sem nunca tê-lo visto.

Certa ocasião, junto com sua dama de companhia, Aya Hime caminhava pelo enorme jardim do castelo e foi até o canteiro das peônias. Daquele local, ela adorava apreciar o reflexo da lua, projetada nas águas do lago, e fazia isso principalmente em noites de lua cheia, que lhe trazia belas inspirações para compor poesias.

Naquela noite, quando Aya Hime estava passeando distraidamente na beira do lago, tropeçou em uma raiz exposta e desequilibrou-se em direção à água. De repente, foi amparada por um jovem que surgiu como num passe de mágica, evitando milagrosamente que ela afundasse lago adentro.

Em seguida, assim que a colocou no chão, o rapaz desapareceu tão rapidamente como apareceu. A dama de companhia viu, quando ela tropeçou, um clarão de luz em torno da princesa refletido na água, mas não chegou a ver claramente nenhum rapaz protegendo-a da queda. Já Aya Hime tinha visto perfeitamente o rosto de seu salvador.

– Um belo moço de semblante nobre, que parecia um príncipe. Vestia roupas com peônias bordadas a fios de ouro. Gostaria que estivesse aqui para agradecer por me salvar a vida, evitando minha queda na água...

– Mas princesa, como ele teria chegado ao jardim, se todo o castelo está cercado pelo fosso e existem muitos guardas no portão? Acho melhor não comentar nada a ninguém, pois seu pai pode ficar zangado, se souber que um estranho esteve no jardim.

A partir daquela noite, Aya não conseguiu esquecer o misterioso rapaz. Várias vezes esteve no jardim, mas nunca mais o viu.

Tempos depois, ela ficou muito doente e com dificuldades para comer e dormir. Cada dia foi ficando mais pálida e tornou-se impossível realizar seu casamento com o príncipe de Ako na data marcada.

Vários médicos vieram de Quioto para examinar Aya Hime, porém ninguém conseguiu diagnosticar de que doença se tratava. Como último recurso, o senhor feudal Naizen no Jô, interrogou com veemência Sadayo, a dama de companhia de sua filha, pois sabia que ela era a confidente da princesa.

– Os médicos chegaram a pensar que ela estava fingindo estar doente, só para não se casar com o prometido príncipe de Ako. Se você sabe de algum amor secreto dela, me diga, pois, se continuar assim, ela vai acabar morrendo. Você não quer que ela morra, quer? – perguntou o feudatário.

– Senhor, prometi à sua filha que jamais revelaria seu segredo. Porém, diante do risco de vida que ela está correndo por causa de sua enfermidade, sou forçada a revelá-lo, se é que isso contribuirá para sua salvação.

Assim, Sadayo contou detalhadamente o que aconteceu na noite de lua cheia no canteiro das peônias.

– Senhor, acho que a doença da princesa Aya é uma doença de amor. Ela está profundamente apaixonada pelo jovem que viu por alguns instantes e depois desapareceu misteriosamente. Tenho medo de que, se não conseguirmos encontrar o tal jovem, ela definhe dia a dia até morrer – disse Sadayo, a dama de companhia da princesa.

– Mas o nosso castelo é muito vigiado, é humanamente impossível que alguém consiga entrar e sair sem ser visto pelos guardas dos portões... – murmurou o pai de Aya, Naizen no Jô.

– Está sugerindo alguma coisa senhor?! Bem sabes que raposas e texugos têm o poder de se transformar em seres humanos e nos enganar. Será possível que algum desses bichos tenha entrado no castelo por alguma pequena abertura no muro?!

Nessa noite, para tentar reanimar a princesa, foi trazido da capital o famoso músico Yashakita Kengyo, mestre num instrumento de cinco cordas chamado biwa. A noite estava quente, e o concerto musical foi ao ar livre. Os acordes espalharam-se pelo ar, tomando conta do belo jardim do castelo. De repente, no canteiro das peônias, um jovem de ar nobre apareceu para ouvir a música. Desta vez todos o viram, e ele trajava a mesma roupa com bordados de peônias em fios de ouro.

– É ele! – gritaram todos os que assistiam o concerto. Diante da reação das pessoas, o jovem desapareceu instantaneamente.

A princesa ficou visivelmente excitada. Levantou-se e foi procurar pelo moço no jardim, mas nada encontrou. O pai dela, senhor do castelo, ficou muito confuso com a situação. No dia seguinte, mandou fazer uma busca minuciosa no jardim, revirando pedras, removendo canteiros de arbustos e procurando em cima das árvores, porém, não encontrou ninguém escondido, nem mesmo raposa ou texugo.

Nessa mesma noite, quando dois músicos da castelo, Yaesan e Yakumo tocavam seus instrumentos, respectivamente a shakuhachi (flauta) e o koto (instrumento de cordas), o jovem novamente apareceu e desapareceu ao ser notado. O mistério aumentou, pois a vigilância tinha sido triplicada, e tudo no castelo foi vasculhado palmo a palmo.

Yuki Naizen no Jô resolveu chamar, então, o renomado Maki Hyogo, um veterano oficial do exército que atuava como conselheiro na corte do Shogun, para capturar o jovem misterioso. O astuto Maki, que adorava desafios, aceitou prontamente a missão. Vestiu-se de preto, como um ninja, para fazer-se invisível e escondeu-se no canteiro das peônias.

Todos tinham percebido que a música exercia certo fascínio sobre o jovem misterioso. Conseqüentemente, os músicos Yaesan e Yakumo fizeram um concerto naquela noite. O público presente prestou mais atenção no canteiro das peônias do que na música. A certa altura, um belo jovem surgiu no jardim, com magnífica veste ornada de peônias bordadas.

Maki Hyogo levou um susto, pois o jovem surgiu do nada exatamente a um passo de onde ele estava escondido. Em seguida, agarrou o jovem por trás, na altura da cintura. Manteve-o apertado por alguns segundos, quando sentiu uma baforada de vapor na cara e caiu no chão agarrado firmemente ao jovem.

Os guardas e o pessoal do castelo que assistiram à cena correram para o canteiro e deparam-se com Maki Hyogo no chão:

– Vejam, consegui agarrá-lo – disse Maki, mas, vendo o que estava abraçando, descobriu que se tratava apenas de uma enorme peônia. Como Hiogo também era astrólogo, logo descobriu do que se tratava.

– Raposas e texugos não conseguiriam passar pelos portões e os guardas do castelo, porém, o jovem sim, pois ele é o espírito da peônia e nasceu aqui mesmo.

Os videntes que estavam no local concordaram plenamente com Maki Hiogo. O espírito da peônia manifestava-se sob aparição de um belo jovem, porém não era na verdade um ser material.

Esclarecido o caso, a princesa Aya levou a grande flor de peônia para seu quarto e colocou-a num vaso com água. Dia a dia, ela foi melhorando de saúde, até recuperar-se completamente. Inexplicavelmente, a grande peônia do vaso também ficava cada vez mais radiante, não dando nenhuma mostra de murchar, apesar de o tempo ir passando.

Como a princesa estava agora com ótima aparência, seu pai não via nenhum motivo para continuar adiando o casamento dela. Então, dias depois, o senhor de Ako e sua família chegaram com uma luxuosa comitiva, para realizar o casamento de seu segundo filho.

A princesa Aya despediu-se da grande peônia e foi para a cerimônia de casamento. Após o ofício, seguiu com seu marido para o castelo de Ako. As camareiras que acompanharam a princesa viram a incomparável beleza da flor quando foram para a cerimônia. E, após o evento, quando passaram pelo quarto da princesa novamente, viram a peônia murchar e despetalar-se. A alma da flor, não suportando a dor de ver sua amada princesa casando-se com outro, despedaçou-se de tristeza.

O povo local, quando contava o caso da princesa Aya ou Aya Hime, passou a referir-se a ela como Botan Hime, ou princesa Peônia.


A lenda do Rouxinol

Conta uma antiga lenda chinesa que certo dia o Imperador, passeando pelos jardins do palácio, ouviu cantar um rouxinol. E era tão lindo o seu canto, que as cores pareciam tornar-se mais vivas e o mundo mais belo.

Encantado, determinou que o pássaro fosse capturado e levado ao palácio, para que pudesse ouvi-lo cantar em todas as horas do dia; e que os mais hábeis artesãos recebessem os metais mais preciosos e as gemas mais raras, para que pudessem construir a mais rica gaiola que já se viu neste mundo.

Assim se fez. E ao pássaro extraordinário foi reservado um local de honra no palácio, onde a esmerada iluminação fazia refulgir todo o esplendor da magnífica gaiola.

Entretanto, o rouxinol definhava a cada dia. As suas penas, antes brilhantes e vistosas, tornaram-se opacas e nunca mais se ouviu o seu canto. Em vão, ordenou o Imperador que lhe fossem trazidos os mais atraentes e saborosos petiscos, que com as próprias mãos ofertava ao pássaro amado.

Um dia, o rouxinol fugiu. E nem todos os emissários do império, enviados pela China inteira, foram capazes de encontrá-lo novamente.

Então a tristeza dominou o Imperador, minando as suas forças. E em pouco tempo viu-se o poderoso regente preso ao leito, dominado por misteriosa e persistente doença, contra a qual de nada adiantavam os remédios receitados pelos maiores médicos do mundo, que para curá-lo foram chamados.

E veio uma madrugada em que, em meio ao delírio da febre, julgou o Imperador ver ao pé de seu leito o rouxinol. Queixou-se, desvairado:

- Ingrato, eis que te dei tudo de mim! Dei-te a gaiola mais rica que jamais existiu, o melhor lugar do palácio e até mesmo os melhores petiscos do mundo, com as minhas próprias mãos! Eu te amava e mesmo assim me abandonaste!

Respondeu-lhe o rouxinol:

- Dizes que me amavas... e mesmo assim era mais importante a tua vaidade. Para que todos pudessem ver e ouvir o pássaro maravilhoso que possuías, me encerraste em uma gaiola, ao teu lado, privando-me de tudo que eu mesmo amava.

Julgas, acaso, que a gaiola mais rica possa substituir a beleza e a imensidão do céu? Ou que os esplendores do palácio me sejam mais agradáveis que voar livre entre as flores, vendo a sua beleza e respirando o seu aroma, sentindo o calor do sol e o orvalho fresco da manhã?

Certo é que me alimentaste com as tuas mãos e que para mim procuraste os petiscos que melhores julgavas. Mas como podes acreditar que me fossem mais saborosos que os alimentos por mim mesmo escolhidos e por meu próprio bico colhidos?

Porém, não me cabe julgar-te. Sei que é assim entre os homens; o que chamais amor não é senão a satisfação das vossas vontades. Em nome do que dizeis sentir, buscais acorrentar a vós aquele que jurais amar; e não acreditais que alguém vos ame, a menos que se curve a vossos desejos, esquecendo as suas próprias necessidades. O que chamais “dor de amor” é, na verdade, o vosso egoísmo contrariado.

Deixa-me, apenas, mostrar-te o que é o amor. Porque, embora os emissários que enviaste para capturar-me não me tenham encontrado, eu jamais me afastei de ti; escondi-me em um arbusto do jardim, de onde às vezes podia ver-te, sem que me visses. E renunciei ao canto, que me denunciaria, para desfrutar da liberdade.

Entretanto retorno, agora que precisas de mim. E apenas te peço que não tentes prender-me, ou o amor se perderia na revolta. É certo que não estarei contigo todo o tempo que quiseres, mas hás de ouvir-me sempre que me for possível. Deixa-me cantar para ti porque te amo, não porque assim o desejas!

Raiava o dia. E o Imperador, já melhor da febre que o castigara, julgou ouvir um som maravilhoso que se espalhava pelo quarto, trazendo de volta a alegria e as cores da vida. Abriu os olhos para a luz do amanhecer, como se os abrisse para a esperança.

No parapeito da janela, cantando como nunca, estava o rouxinol.

"Quem ama, liberta!"

domingo, 20 de junho de 2010

Corações roubados II...


... Baterá descompassado muitas vezes e sabe por quê? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós. Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém or vontade própria, sem que precisemos roubá-lo ou furtá-lo nos entregará a metade que faltava... e é assim que se rouba um coração, fácil não?
Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida afora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples... é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.
Luís Fernando Veríssimo.

Corações roubados...


Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa. Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.
Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. É necessário que seja com destreza, com vontade, encanto, carinho e sinceridade. Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos. Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago... e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco. Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Te amo

Te amo
Te amo de una manera inexplicable.
De una forma inconfesable.
De un modo contradictorio.
Te amo
Con mis estados de ánimo que son muchos,
y cambian de humor continuamente.
Por lo que ya sabes,
El tiempo.
La vida.
La muerte.

Te amo
con el mundo que no entiendo.
Con la gente que no comprende.
Con la ambivalencia de mi alma.
Con la incoherencia de mis actos,
Con la fatalidad del destino.
Con la conspiración del deseo.
Con la ambigüedad de los hechos.
Aún cuando te digo que no te amo, te amo.
Hasta cuando te engaño, no te engaño.
En el fondo, llevo a cabo un plan,
para amarte... mejor.

Te amo.
Sin reflexionar, inconscientemente,
irresponsablemente,
espontáneamente,
involuntariamente,
por instinto,
por impulso,
irracionalmente.
En efecto no tengo argumentos lógicos,
ni siquiera improvisados
para fundamentar este amor que siento por ti,
que surgió misteriosamente de la nada,
que no ha resuelto mágicamente nada,
y que milagrosamente, de a poco, con poco y nada
ha mejorado lo peor de mi.

Te amo.
Te amo con un cuerpo que no piensa,
con un corazón que no razona,
con una cabeza que no coordina.
Te amo
incomprensiblemente.
Sin preguntarme, por qué te amo.
Sin importarme por qué te amo.
Sin cuestionarme por qué te amo.
Te amo
sencillamente porque te amo.
Yo mismo no se por qué Te Amo...

(Pablo Neruda)










Pablo Neruda


Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?

Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera ,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.

A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.

Estrelas no mar


Lá muito longe,
longe mesmo,
onde os pássaros não conseguem arrego,
aconchego meu olhar
no ponto comum onde o mar,
a praia
e a montanha
beijam-se sem se encontrar.

(Antônio Carlos Tórtoro)

Chega de saudade


Vai, minha tristeza
E diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade
A realidade
É que sem ela não há paz
Não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai.

(Tom Jobim; Vinícius de Moraes)


Sementes de Sol


De repente sou eu só
com minha pouca bagagem
e meu leve coração.

Minha vida me pertence.
Tudo agora é embarque.
Tudo agora é viagem.

Respiro fundo a emoção
De estar sozinho comigo
E mergulho na paisagem.

(Carlos Queiroz Telles)